Teresópolis tem sua 1ª Caminhada Contra Intolerância Religiosa
Cerca de 400 pessoas, em sua maioria praticantes e simpatizantes de religiões de matriz afro-brasileira como a Umbanda, Candomblé e Omolocô, se reuniram neste domingo, 27, em frente à prefeitura municipal de Teresópolis para a 1ª Caminhada Contra a Intolerância Religiosa. Originada em função do recente apedrejamento do templo de candomblé Oxosse da Lage, que há mais de 50 anos realiza seus trabalhos religiosos em Teresópolis, a manifestação seguiu até as portas do referido templo, no bairro de Agriões, onde levou flores para a Mãe Anilza, de 83 anos, responsável pelos preceitos religiosos praticados no local.
“É um absurdo o que aconteceu neste lugar sagrado, que há anos realiza aqui seus ofícios religiosos e agora sofre um apedrejamento, vítima da ignorância, de um preconceito vil e uma tirania religiosa que não cabem em um país como o Brasil. Hoje viemos trazer flores para Mãe Anilza, porque simbolicamente cada um dá o que tem. Se eles jogam pedras, nós trazemos flores e prestamos nossa solidariedade. Nosso Deus é um Deus de amor ao próximo e não de preconceito”, comentou o babalaorixá Delmo Ferreira, um dos articuladores do evento e presidente da Academia Teresopolitana de Letras.
Garantida pela Constituição Federal Brasileira, a liberdade religiosa deriva da liberdade de pensamento, uma vez que quando é exteriorizada torna-se uma forma de manifestação do pensamento. Ela compreende três outras liberdades: liberdade de crença, liberdade de culto e liberdade de organização religiosa. A liberdade de crença é garantida no artigo 5, VI, "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias".
O jornalista e professor universitário Marcio Ferreira, chefe de gabinete da prefeitura municipal de Nilópolis, discursou lembrando que todos têm o direito de expressar livremente sua fé em solo brasileiro. “Eu vim para mostrar que sou de Axé. Não quero tolerância, quero respeito pela minha fé e pelo estado laico que vivemos. Quem é de Axé diz que é”, disse o jornalista.
Também presente ao evento, Marcos Habib, representante da Rede Ecumênica da Juventude, e membro da 1ª Igreja Batista de Teresópolis, prestou solidariedade ao protesto, percorrendo o caminho junto aos demais manifestantes e lembrando que o preconceito não é regra geral nas religiões protestantes.
“Como protestante gostaria que outras confissões envangélicas também estivessem presentes para mostrarmos que a intolerância religiosa não é generalizada em nosso meio. Nós da Rede Ecumênica da Juventude buscamos romper com preconceitos históricos em nosso país e para isso é necessário efetivar a liberdade religiosa garantida constitucionalmente”, lembrou Marcos Habib.
Créditos fotos: Marcos Araújo– Leo Bittencourt
Fonte:Assessoria de Comunicação de Teresópolis