Teresópolis, 15 de agosto de 2013 - Primeiro, noivas correndo pelas ruas, um casal descendo prédio de rapel, uma escavadeira, luta de espadas e dois personagens pra lá de intrigantes atuando a céu aberto. Dois dias depois, um bloco de carnaval, churrasco no meio da rua, índios nus e mais personagens interessantes.
Encenados pelo grupo 'Teatro que Roda', de Goiânia, os espetáculos de teatro de rua 'Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu escudeiro Sancho Pança' e 'Makunaíma na terra de Pindorama' simplesmente pararam o centro de Teresópolis na tarde de segunda, 12, e nesta quarta, 14 de agosto.
As apresentações, patrocinadas pela Funarte e trazidas para Teresópolis por iniciativa da Aldeia Casa Viva, em parceria com a Secretaria de Cultura de Teresópolis e apoio do comércio da Várzea, chamaram a atenção de todos que passavam pela Várzea e foram acompanhadas pelo público do início ao fim nos dois dias.
Dom Quixote
Na tarde de segunda-feira, 12, a primeira intervenção despertou o interesse das pessoas antes mesmo de começar, por contas de duas cenas inusitadas: 12 noivas andando pela Calçada da Fama e um casal de noivos descendo o Edifício Garagem de rapel. Do chão, o público olhava perplexo e, ao mesmo tempo, entusiasmado. Até os carros paravam pra ver. Esses foram apenas os primeiros momentos da peça, que depois continuou sendo encenada, através de estações, ao longo de toda a Calçada da Fama e ainda na Praça Balthasar da Silveira. Por onde quer que os atores fossem, eram acompanhados pelas pessoas ao redor.
A peça, uma adaptação do original de Miguel de Cervantes, contou a história de um executivo, interpretado pelo ator Dionísio Bombinha, que, cansado de sua rotina, mergulha em um mundo imaginário e passa a acreditar ser Dom Quixote de La Mancha. A partir daí, ele vive as aventuras de Quixote com detalhes, ao lado de uma catadora que encontra casualmente (atriz Liz Eliodoraz) e inclui em sua saga acreditando ser ela seu fiel escudeiro e amigo Sancho Pança. Juntos, os dois seguem por inusitadas situações, tendo como meta a busca por Dulcinéia, a noiva de Quixote, que surge em forma de alucinação. O famoso cavalo Rocinante também tem participação na adaptação, através do carrinho de recolhimento de sucata.
Além da própria movimentação dos atores, que por si só chamou a atenção do público, momentos especiais marcaram a intervenção artística, a exemplo das noivas – representando Dulcinéia – desfilando em uma escavadeira em plena Avenida Delfim Moreira, e a prisão do protagonista, executada com a participação da Guarda Municipal de Teresópolis. Atrizes locais também participaram da encenação interpretando as noivas que, em um final apoteótico, clamam por Quixote do alto de uma sacada.
Após a apresentação, os atores se reuniram com interessados para um bate-papo na Casa da Memória Arthur Dalmasso e se mostraram muito satisfeitos com os resultados da apresentação em Teresópolis. “Em cada cidade, encontramos um público diferente. Confesso que fiquei surpreso positivamente com a recepção em Teresópolis. Em municípios do interior, as pessoas costumam levar mais tempo para interagir com o grupo. E aqui foi diferente. Do começo ao fim do espetáculo, o público nos acompanhou, interagiu, se mostrou curioso e participativo. Para nós, mais do que interessante, uma recepção como esta é gratificante. Muito bacana”, comentou o ator Dionísio Bombinha. “Em poucas cidades tivemos uma apresentação tão perfeita. Um luxo. Tudo pronto e funcionando no tempo certo. Muito positivo”, completou a atriz Liz Eliodoraz.
Encenaram o espetáculo 'Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu escudeiro Sancho Pança' os atores Liz Eliodoraz, Dionísio Bombinha, Hugo Mor, Patrick Mendes, Ieda Marçal, Felipe Ferro e Júlio Rodrigues. A adaptação da história tem a assinatura de André Carreira, Dionísio Bombinha, Hélio Fróes e Liz Eliodoraz. A direção do espetáculo é de André Carreira.
O sucesso do primeiro espetáculo levou o Grupo Teatro que Roda a se apresentar pela segunda vez em Teresópolis na tarde desta quarta-feira, dia 14 de agosto. O cenário escolhido foi novamente a Calçada da Fama e, desta vez, o grupo de teatro de rua encenou a peça 'Makunaíma na terra de Pindorama'. Assim como aconteceu na segunda-feira, os atores voltaram a atuar de forma interativa com o público, utilizando espaços, aparelhos urbanos e fachadas. Mais uma vez, a plateia correspondeu à altura, acompanhando de forma participativa e ansiosa cada passo da encenação, que foi permeada durante todo o tempo por sambas e marchinhas carnavalescas.
A peça começa com um bloco de carnaval. Em meio à batucada, confetes e serpentinas inicia-se a história desses foliões que vieram para a cidade depois de sair da tribo dos Tapanhumas, que ficava lá no Mato Dentro. Os Tapanhumas vivem suas peripécias na aldeia, até a morte da mãe dos Tapanhumas, o que faz com que o herói decida ir para as bandas da cidade.
Makunaíma conhece o amor, através da índia Guerreira Ci, a mãe do mato, que lhe dá de presente sua Muiraquitã, a pedra da sorte. A bela cunhã, seu amor, e o filho recém-nascido do casal morrem, fazendo Makunaíma sofrer. Na cidade, sua pedrinha é roubada e o herói da nossa gente segue em busca dela na companhia de seus irmãos Jiguê e Maanape.
De forma surreal, Makunaíma e seus companheiros seguem vivendo, despojados de qualquer agrado. A realidade do convívio com as pessoas da cidade, faz com que se percam em seus costumes, presentes em gerações, e os pressiona contra as afetações do mundo moderno e seus consumos. Ao fim, decepcionado, Makunaíma resolve voltar pra sua terra, mas morre no caminho, vítima dos encantos da sereia Iara.
Novamente, momentos mais do que inusitados despertaram o interesse do público, como a nudez dos índios e o batizado de Makunaíma, que contou com atores no alto da marquise de um dos edifícios comerciais da Calçada da Fama. Não apenas do chão, mas também das janelas dos prédios, as pessoas acompanharam todos os movimentos.
Estiveram em cena os atores Patrick Mendes, Lenita Caetano, Julio Rodrigues, Ieda Marçal, Hugo Mor, Felipe Ferro e Dionísio Bombinha (Makunaíma). A peça tevedireção de André Carreira e Liz Eliodoraz como assistente.
Público aplaude
Extasiado com as duas apresentações inusitadas, o público aplaudiu. “Incrível. Eu estava passando pela rua e não resisti. Fui acompanhando até o fim. Muito legal. Adorei. E acho que as pessoas conseguiram entender bem a proposta”, comentou Karina Soares, ao lado da filha Sthephany, de seis anos. A jornalista Ana Luzia Lima também aprovou. “Uma intervenção completamente inusitada e que com certeza despertou o interesse do público. Uma iniciativa que merece aplausos”, elogiou.
Diretor da Aldeia Cultural Casa Viva, que intermediou a vinda do grupo a Teresópolis, Licko Turle comemorou. “Só tenho a agradecer: ao grupo, por aceitar nosso convite e à Secretaria de Cultura de Teresópolis, por todo o apoio que deu aos espetáculos. Uma parceria maravilhosa”, enalteceu.
Para o Secretário de Cultura, Wanderley Peres, as duas intervenções cumpriram com primazia seu objetivo. “A proposta era realmente essa, provocar as pessoas, interagir com o público, mostrar um espetáculo cultural diferente, em formato inovador. E tudo ocorreu de forma muito positiva. O público acompanhou todos os movimentos, entendeu e participou do início ao fim”, comentou.
As peças 'Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu escudeiro Sancho Pança' e 'Makunaíma na terra de Pindorama' fazem parte do projeto Trajetos Heroicos, desenvolvido pelo Grupo Teatro que Roda, com patrocínio da Funarte, com circulação de espetáculos de teatro de rua por diversas cidades brasileiras.
Texto: Geórgia Jahara
Fotos: Roberto Ferreira
Fonte:Assessoria de Comunicação de Teresópolis
Cobertura exclusiva Terê Total-o site cultural de Teresópolis
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